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O CICLO GUATÁ
e sua história

O Ciclo Guatá é inspirado pela ideia de caminhar junto aos povos indígenas. Guatá é um termo do Tupi antigo pelo qual queremos sugerir justamente essa caminhada conjunta. Assim, o nosso grupo busca percorrer as trilhas e os trajetos que foram abertos pelos modos de vida desses povos. Temos como objetivo realizar encontros de saberes, seja por meio do cinema, da conversa, da contação de história, da música, da dança, da culinária e das performances rituais. Esses encontros têm sempre a presença de pessoas indígenas como protagonistas, as quais são sujeitos de conhecimento que nos ensinam inclusive sobre outras formas de fazer esses mesmos conhecimentos circularem. Então, aprendamos com eles!

O Ciclo Guatá é uma iniciativa de pesquisadores(as) ligados(as) ao Centro de Pesquisa em Etnologia Indígena da Universidade Estadual de Campinas (CPEI/Unicamp) e ao Núcleo de Estudos DIVERSITAS da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). A proposta surge do acúmulo das conversas e debates realizados desde a primeira edição de nossos ciclos e mostras de cinema, que, desde 2017, tiveram ao menos uma edição a cada ano. Nesses últimos anos, exibimos filmes feitos por cineastas indígenas e também promovemos a participação desses realizadores em nossos encontros. Criamos um diálogo com indígenas dos povos Guarani Mbya, Kalapalo, Xavante, Xukuru-Kariri, Kuikuro, Maxakali, Guarani Kaiowá, Kaingang, entre vários outros, e convidamos para estar conosco os estudantes indígenas da Unicamp, os quais, com as cotas étnico-raciais da universidade, passaram a integrar expressivamente o quadro discente da instituição. Em nossa galeria das edições anteriores é possível recuperar um pouco dos encontros realizados.

No entanto, a presença indígena fez transbordar nossa concepção de evento, e acabamos indo muito além da exibição dos filmes e das conversas. Acreditamos que o conhecimento e o debate sobre as temáticas ligadas aos povos indígenas devam permanecer associados a outras práticas e outras formas de expressão que essas pessoas manifestam durante essas atividades. Na última edição do Ciclo de Cinema Indígena do CPEI, os indígenas não só exibiram e apresentaram suas produções audiovisuais, como também se utilizaram do espaço para comprar e vender artesanato, conhecer as realidades de outras aldeias, andar pela universidade, fazer amigos e convidá-los para irem às suas casas, e, é claro, aproveitaram para cantar, tocar e dançar. Eles deixaram tudo muito mais alegre! Como se pode perceber, os ciclos e as mostras de cinema indígena do CPEI/Unicamp foram indigienizados em um certo sentido. Por isso, temos um novo evento, com um novo nome.

Buscamos promover encontros com os indígenas e entre eles a fim de que os participantes sejam afetados pelo conhecimento trocado ou adquirido. Pretendemos criar um deslocamento de formas particulares de pensar e ser, fazendo-nos ir em direção às multiplicidades e as diferenças que vêm das aldeias. Compreendemos o conhecimento como uma produção partilhada, que é feita em conjunto e em movimento. Para isso, precisamos caminhar lado a lado com os indígenas, relacionar-se com seus representantes, aprender com seus saberes, caminhar junto ou paralelamente a eles. A ideia de caminhar parece-nos fundamental precisamente por ser capaz de sintetizar esses muitos deslocamentos (conceituais e práticos) que toda potencialidade existencial dos indígenas pode promover. Vamos juntos percorrer essas trilhas!

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