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PROGRAMAÇÃO
Ciclo Guatá - Mostra de Cinema Indígena 2021

Parte I - "Um mundo de saberes recriados"

De 16 a 29 de setembro de 2021

A primeira parte da mostra do Ciclo Guatá está dividida em duas sessões, ambas voltadas a saberes indígenas. Uma delas dedicada a homens e mulheres que se utilizam de plantas da Caatinga, no caso dos Fulni-ô, e de plantas da Amazônia, no caso dos Baré e Baniwa, para cuidar de seus parentes. A outra sessão também coloca lado a lado dois contextos distintos, dos indígenas Fulni-ô no Sertão pernambucano e dos Guarani Mbya no litoral paranaense, mas o faz para pensar algumas dificuldades que esses dois povos, ou duas comunidades, enfrentam na contemporaneidade enquanto praticam seus conhecimentos mais antigos. Esperamos realizar reflexões desse tipo, que cruzam territórios tradicionais de Leste a Oeste, de Norte a Sul, quando nos encontrarmos para conversar com os(as) diretores(as) nos dias 22 e 29 de setembro:

Sessão "Plantas de cuidar, comer e curar”

Encontro com os diretores no dia 22 de setembro, das 19h00 às 21h00

 

Txhleka Fale comigo

| 2021 | 14 min. 33 seg. | direção de Elvis Ferreira de Sá (Hugo Fulni-ô)

Este filme apresenta o cotidiano do indígena Fulni-ô Txhleka, sua coletividade incumbência de lidar com as plantas medicinais. Sua adolescência foi trilhada pelo aprendizado do seguimento de cura ancestral Fulni-ô.

 

Mãe da roça

| 2018 | 15 min. 36 seg. | direção de Naiara Alice Bertoli e Ruth Steyer

No curta-metragem experimental, mulheres das etnias Baré e Baniwa conduzem os caminhos de uma viagem-escuta que atravessou o Rio Negro pelas cidades de Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira/AM. As 23 etnias que habitam a região têm em comum formas de transmissão e circulação de saberes, os quais têm garantido a sua autonomia e segurança alimentar.

Sessão "Conhecimentos perpetuados em tempos de mudança"

Encontro com os(as) diretores(as) no dia 29 de setembro, das 19h00 às 21h00

Ko yvy ma ndopa mo’ãi: essa terra não vai terminar

| 2019 | 33 min. | direção de Matias Dala Stella

A comunidade indígena Pindoty, localizada na Ilha da Cotinga no Paraná, reflete sobre como passar adiante os conhecimentos ancestrais de sua cultura. Diante das dificuldades provindas da forte influência do mundo não índio, a nova geração de crianças da aldeia traz força aos mais velhos, os quais através do filme, dão o testemunho vivo de uma cultura que resiste. Na Aldeia Mbya Guarani Pindoty, os indígenas refletem sobre a sua própria cultura e espiritualidade.

Mulheres Fulni-ô na pandemia

| 2020 | 16 min. 21 seg. | direção de Elvis Ferreira de Sá (Hugo Fulni-ô) e Maria Rozzana Albuquerque Leite

Esse Curta-metragem, retrata o momento atual referente ao contexto da pandemia que as mulheres Fulni-ô enfrentaram, seus medos, angústias e superação em meio a realidade de notícias do coronavírus ter entrado na TI Fulni-ô.

Parte II - “Um mundo de diferenças corpo-territoriais”

De 30 de setembro a 21 de outubro de 2021

A segunda parte da mostra do Ciclo Guatá também está dividida em duas sessões, porém elas se voltam especialmente a questões políticas que decorrem das relações entre diferentes: diferentes povos, diferentes corpos, diferentes territórios, diferentes epistemologias ou ontologias. A primeira sessão deste segundo momento da mostra procura desenvolver as noções de "vida" e de "morte", as quais aparecem nas narrativas e nas memórias deixadas pelos parentes, pelos espíritos ou pelas divindades aos Maxakali próximos da divisa entre Minas Gerais e Bahia e aos Guarani acampados no Sul do Mato Grosso do Sul. A segunda sessão desta parte, a última de nosso evento, segue a mesma linha das anteriores; aproxima produções cinematográficas com linguagens semelhantes para pensar comparativamente as violências historicamente perpetradas contra os povos indígenas de todo o território nacional. Enquanto os conhecimentos ameríndios assumem a dianteira dos encontros de setembro, problemas mais delicados, originados em um passado colonial, ganham destaque nas reflexões que desejamos fazer quando nos encontrarmos para dialogar com os(as) diretores(as) nos dias 06 e 13 de outubro:

Sessão “Equívocos e memórias sobre vida e morte”

Encontro com os(as) diretores(as) no dia 06 de outubro, das 19h00 às 21h00

Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa!

| 2020 | 70 min. | direção de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero.

Antigamente, os brancos não existiam e nós vivíamos caçando com os nossos espíritos yãmĩyxop. Mas os brancos vieram, derrubaram as matas, secaram os rios e espantaram os bichos para longe. Hoje, as nossas árvores compridas acabaram, os brancos nos cercaram e a nossa terra é pequenininha. Mas os nossos yãmĩyxop são muito fortes e nos ensinaram as histórias e os cantos dos antigos que andaram por aqui.

Tempo de Guavira

| 2021 | 44 min. 55 seg. | direção do Coletivo Guavira (participação de Pedro Biava)

Em dezembro de 2018, após a eleição de Jair Bolsonaro, uma equipe de jornalistas, antropólogos e fotógrafos, percorreu os acampamentos e áreas ocupadas pelos Guarani no sul de Mato Grosso do sul. Nessa região, vivem mais de 65 mil indígenas, a maioria em áreas ainda não demarcadas, e ameaçadas por ações de despejo e violência. Esse filme é resultado do registro de dezenas de depoimentos colhidos nesse período. Um retrato plural de uma história de luta e sobrevivência de um povo que busca recuperar suas vidas em suas terras tradicionais.

Sessão “Casas e corpos ancestrais ainda hoje violentados”

Encontro com os(as) diretores(as) no dia 13 de outubro, das 19h00 às 21h00

 

Lithipokoroda – Um vídeo performance manifesto

| 2021 | 27 min. 28 seg.| direção de Lilly Baniwa

Lithipokoroda é uma performance manifesto produzida por artistas indígenas da cidade de São Gabriel da Cachoeira/Amazonas. Uma mulher ancestral adormece, anda pela floresta e atravessa a cidade em direção à Maloca, a casa do conhecimento dos povos indígenas. A floresta está destruída pelas mãos dos brancos. Mas para nós, povos indígenas, os conhecimentos ancestrais estão vivos nos nossos corpos. Vemos jovens indígenas do século XXI, da cidade mais indígena do Brasil, que têm a floresta como sua casa e utilizam a tecnologia como ferramenta de denúncia. Um basta para as invasões genocidas, para as violências perpetuadas por séculos pelos missionários, padres e pastores; por tanto sangue derramado, por tantas proibições, preconceitos e perseguições das nossas culturas originárias!

Preconceito

| 2021 | 05 min. 10 seg. | direção de Olinda Muniz Wanderley (Olinda Yawar Tupinambá)

Videomusical que explora algumas danças tradicionais indígenas ao som da música indígena moderna de Nelson D, enquanto discute a questão do corpo como território nativo, e o preconceito e violência que ainda ronda a condição indígena.

Sobre os(as) diretores(as)

[em ordem alfabética]

Carolina Canguçu é mestre em Comunicação Social pela UFMG e atualmente coordena a Interprogramação da TV Educativa da Bahia. É montadora, pesquisadora e professora de cinema e curadora de mostras de documentários. Trabalha junto a povos tradicionais em cursos de formação audiovisual. Integrou o coletivo Filmes de Quintal por 12 anos, realizando o forumdoc.bh, Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte. É Contramestra de Capoeira Angola.

Coletivo Guavira é o grupo de pessoas e mãos indígenas e não-indígenas que, em parceria, captaram as imagens e as entrevistas necessárias à produção de Tempo de Guavira (2021). Pedro Biava, jornalista e documentarista, realizou a montagem da obra.

Elvis Ferreira de Sá, conhecido como Hugo Fulni-ô, é professor e cineasta indígena idealizador do Coletivo Fulni-ô de Cinema, que produziu vários filmes no povo Fulni-ô. Cursou a graduação Intercultural pela Universidade Federal de Pernambuco e mestrado em letras e linguística pelo programa PPGLL da Universidade Federal de Alagoas – FALE.

Isael Maxakali é cineasta, professor e artista visual. Dirigiu os filmes “Tatakox” (2007); “Xokxop pet” (2009); “Yiax Kaax – Fim do Resguardo” (2010); “Xupapoynãg” (2011); “Kotkuphi” (2011); “Yãmîy” (2011); “Mîmãnãm” (2011); “Quando os yãmîy vêm dançar conosco” (2011); “Kakxop pit hãmkoxuk xop te yũmũgãhã” (“Iniciação dos filhos dos espíritos da terra”, 2015), “Konãgxeka: o Dilúvio Maxakali” (2016) e "Yãmiyhex: as mulheres-espírito" (2019) e Nũhũ yãgmũ yõg hãm: essa terra é nossa! (2020). Foi duas vezes professor do Programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais da UFMG. Em 2020, venceu o Prêmio PIPA on-line, uma das principais premiações de arte contemporânea no Brasil.

Lilly Baniwa é atriz e estudante indígena na graduação de Artes Cênicas na Universidade Estadual de Campinas-Unicamp desde 2019; foi proponente e desenvolveu dois projetos artísticos em 2021: Performance Manifesto Lithipokoroda e Oficina Performatividades Identitárias, contemplados pela Lei Aldir Blanc, Prêmio Feliciano Lana e Encontro das Artes, no Município de São Gabriel da Cachoeira/Amazonas.

Maria Rozzana Albuquerque Leite é indígena pertencente ao Povo Fulni-ô. Iniciou seus trabalhos no Coletivo Fulni-ô de Cinema em 2018. Dirigiu seu primeiro filme em 2020, o “Mulheres Fulni-ô na pandemia”, em parceria com Hugo Fulni-ô.

Matias Dala Stella, natural de Curitiba-PR, onde reside, se formou no curso de Cinema em 2015 pela Universidade Federal de Santa Catarina. Desde então vem produzindo e buscando se aprofundar cada vez mais na área do documentário. Seus outros trabalhos como diretor são os docs "Cinco Estações no Casulo do Tempo", (39 min., 2015), "KO YVY MA NDOPA MO'ÃI - Essa Terra não vai Terminar" (32 min., 2019) e "Marumbi: a Montanha por dentro" (32 min., 2021).

Naiara Alice Bertoli é atriz, produtora e mestra em Teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), 2018. Dentre os últimos trabalhos que realizou como produtora, destacam-se: a premiação da Secretaria da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura no Edital de Seleção Pública Culturas Populares/2018, do projeto “Tecendo redes para o fortalecimento das narrativas orais Baniwa: visita aos lugares sagrados, construção de maloca e registro audiovisual para posterior desenvolvimento de materiais didáticos”; foi Coordenadora de Produção do 5o Festival Internacional de Cinema Socioambiental Planeta.Doc e da Conferência Planeta.Doc 2018, realizados em Florianópolis; curadora e produtora, em parceria com o SESC, do evento Biblioteca Inquieta: povos indígenas no SESC de Florianópolis, 2019; Podcast TRAMA-ABERTA (2020) no qual atuou como curadora, produtora e apresentadora do Projeto premiado pelo Edital “SCultura em Sua Casa”; Projeto “Encontros na Kowaipana: entre a ancestralidade e as novas mídias” aprovado na categoria Cultura Indígena, tendo como proponente Luiz Laureano da Silva. LEI ALDIR BLANC – PRÊMIO FELICIANO LANA/2020; Lithipokoroda (Performance Manifesto), aprovado na categoria Cultura Indígena, tendo como proponente Lilly Baniwa. LEI ALDIR BLANC – PRÊMIO FELICIANO LANA /2020; “Oficina Performatividades Identitárias” aprovado na categoria Cultura Indígena, tendo como proponente Lilly Baniwa. LEI ALDIR BLANC – PRÊMIO ENCONTRO DAS ARTES /2020. “Vozes entre Rios” aprovado na categoria Cultura Indígena, tendo como proponente Luiz Laureano da Silva. LEI ALDIR BLANC – PRÊMIO ENCONTRO DAS ARTES/2020.

Olinda Yawar Tupinambá, indígena do povo Tupinambá e Pataxó hãhãhãe, jornalista, cineasta e ativista ambiental. No final de 2015, apresentou sua primeira obra documental “Retomar Para Existir no TCC de Jornalismo”. Trabalha como produtora em audiovisual. Em 2017 foi produtora da “Mostra Paraguaçu de Cinema Indígena”, 1ª edição. Em 2018 concluiu seu primeiro longa, “Mulheres que Alimentam”. Em 2019 foi uma das curadoras do “Festival de Cinema Indígena Cine Kurumin”, 7ª edição, Recife e Brasília. Em 2020, concluiu seu primeiro filme de ficção “Kaapora – O chamado das Matas” e o filme “Equilíbrio”. Foi curadora do “Cabíria Festival Mulheres e audiovisual”. Também em 2020, foi curadora de roteiro de série de ficção. Em 2021, fez curadoria do “Festival de Cinema Indígena Cine Kurumin”, 8ª edição, e da mostra “Lugar de Mulher é no cinema”, além de produtora e curadora da “Mostra Amotara - Olhares das Mulheres Indígenas”, produziu e dirigiu o videomusical/performance “Preconceito” e foi coautora do especial para a TV “Falas da Terra”, da TV Globo. É coordenadora do Projeto Socioambiental “Kaapora”, e presidente da ONG indígena “Kaapora”.

Roberto Romero é etnólogo, doutorando em Antropologia Social pelo Museu Nacional (UFRJ). É membro da Associação Filmes de Quintal e um dos organizadores do forumdoc.bh - festival do filme documentário e etnográfico de Belo Horizonte. Foi assistente de direção do longa "Yãmĩyhex: as mulheres-espírito" (Sueli e Isael Maxakali, 2019).

Ruth Steyer nasceu em Florianópolis (SC). É artista visual, diretora de arte, arte-educadora e pianista. Graduada em Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Santa Catarina - UDESC, com um ano de pesquisa e intercâmbio na Universidad Nacional Autónoma de México – UNAM, na Ciudad de México. Residiu 3 anos em Recife – Pernambuco, onde trabalhou com cinema na criação de trilhas sonoras e direção de arte e colaborou em projetos de música experimental. Seu trabalho desenvolve-se na zona fronteiriça entre as artes visuais e música. Dedica-se especialmente à fotografia, vídeo, desenho, pintura e paisagens sonoras. Como educadora, desenvolve oficina de vídeo, arte sonora e arte contemporânea para crianças na Escola Sarapiquá.

 

Sueli Maxakali é cineasta, professora e fotógrafa. Co-dirigiu os filmes “Quando os yãmiy vêm dançar conosco” (2011), “Yãmiyhex: as mulheres-espírito” (2019) e “Nũhũ yãgmũ yõg hãm: essa terra é nossa!” (2020). Publicou o livro de fotografias “Koxuk Xop Imagem” (Beco do Azougue Editorial, 2009), com fotografias das mulheres maxakali sobre os rituais e o cotidiano da Aldeia Verde. Foi professora do Programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais da UFMG, em 2016, 2017 e 2019. Atualmente, é estudante de graduação do curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas (FIEI) da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

 

 

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